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Alzheimer: muito além do esquecimento

A perda de memória é o sintoma mais característico e conhecido do Alzheimer, no entanto, a doença pode se manifestar com outros sinais, como alterações visuais, apatia, desorientação, mudança de humor ou personalidade, afastamento das pessoas, confusão mental e dificuldade para realizar tarefas simples do cotidiano. Receber um diagnóstico de Alzheimer está longe de ser uma tarefa fácil, pois ele muda a vida não só do paciente, mas também de seus familiares e das pessoas de sua convivência. Informação e suporte são as melhores “munições” para o enfrentamento da doença.

 

De acordo com a Alzheimer’s Association (organização de saúde líder mundial dedicada à doença de Alzheimer e a outras demências), atualmente, 1 milhão de brasileiros sofrem de demência e a maioria tem a doença de Alzheimer. Em todo o mundo, aproximadamente 44 milhões de pessoas vivem com demência, o que torna a doença uma crise de saúde global. Recente estudo da Sociedade de Alzheimer do Canadá prevê que o mundo está prestes a enfrentar um “tsunami da demência”, com aumento de 161% de pacientes com demência até 2050.

 

Não há uma maneira simples de detectar a doença, visto que nos estágios iniciais os sintomas podem ser mínimos; com o passar do tempo eles vão evoluindo e causando mais danos ao cérebro. Por isso, é necessário que familiares ou amigos do paciente fiquem atentos a pequenas alterações, pois o diagnóstico precoce é muito importante para retardar o avanço da doença.

 

Com relação à prevenção, o neurologista Raul Campos de Oliveira, da Clínica N3 – Neurologia, Neurocirurgia e Neuropediatria, esclarece que há componentes intrínsecos e atualmente não controláveis, como a genética, que desfavorecem a precaução contra o Alzheimer. Por outro lado, há fatores extrínsecos que podem auxiliar, como controle da saúde (hipertensão, diabetes, dislipidemias etc.), além de hábitos saudáveis (que incluem uma dieta equilibrada, atividade física e sono de qualidade) e instrução cognitiva ou escolaridade. Caracteristicamente, é uma doença que acomete mais os idosos, porém, principalmente nos casos de herança hereditária, pode apresentar-se em uma idade mais jovem.

 

Diagnóstico

Uma avaliação clínica completa, que inclui testes cognitivos, exames laboratoriais e avaliação neurológica, por exemplo, compõe a base do diagnóstico de Alzheimer. “Lançamos mão da união entre a avaliação neurocognitiva, da história clínica, de exames neurológicos e complementares, como o exame do líquido cefalorraquidiano, de imagens funcionais e/ou estruturais”, relata o neurologista. 

 

Não confunda demência com Alzheimer

Quando o assunto são as doenças neurológicas que afetam a memória, não é incomum (fora do meio médico) haver confusão entre Alzheimer e demência. Para esclarecer: o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, progressiva, que possui um substrato patológico que envolve três hipóteses fisiopatológicas e pode evoluir para um quadro de demência. Já a demência tem um conceito mais amplo, que possui mais de 150 tipos diferentes, sendo que o mais comum é o Alzheimer. 

 

Tratamento multidisciplinar

O tratamento não-medicamentoso tem relevância para o Alzheimer, segundo o neurologista, inclusive por ter a finalidade diminuir a intensidade da curva do declínio cognitivo e permitir abordagens e estratégias que auxiliam na melhoria da qualidade de vida. Entram nesse rol a Musicoterapia, a Psicologia, a Fonoaudiologia, a Terapia Ocupacional, entre outras.

 

A fisioterapeuta Camila Bonomo, da N3, observa que, embora a doença de Alzheimer se caracteriza por piora cognitiva, nos estágios avançados ela prejudica a função motora do indivíduo, sendo assim, a Fisioterapia desempenha importante papel. “Atua tanto na prevenção quanto na evolução dos sintomas, previne quedas, perda de mobilidade, retarda o aparecimento dos acometimentos motores”, pontua. Além disso, o fisioterapeuta orienta e auxilia a família e os cuidadores na adaptação do ambiente para melhorar a qualidade de vida do paciente. 

 

Por sua vez, a nutricionista doutora Ana Paula Tardivo, também da N3, comenta que a alimentação saudável tem sido bastante relacionada com a prevenção da doença de Alzheimer e os estudos têm mostrado um papel importante de nutrientes como a vitamina E, C, D e complexo B, ômega-3, selênio, zinco, fibras e ferro na redução do risco de demência e no retardo do declínio cognitivo. “O dano oxidativo parece estar envolvido na patogênese da doença de Alzheimer, assim como de outras desordens neurodegenerativas”, relata. 

 

Ela complementa que a adoção de alguns padrões alimentares, como a dieta Mediterrânea (caracterizada por uma grande disponibilidade de hortaliças ricas em antioxidantes, frutas, leguminosas, cereais, peixes e gordura insaturada como azeite de oliva, oleaginosas, linhaça, chia ou abacate) e a diminuição do consumo de álcool parecem ser a melhor estratégia para a prevenção do Alzheimer.

 

Quando o paciente é diagnosticado no início da doença, o psicólogo pode ajudar na atribuição de novos significados neste momento da vida, tentando manter a sua identidade. “Podemos trabalhar com os medos, com as inseguranças e com todos os sentimentos que costumam surgir frente às doenças, principalmente em quadro demencial”, esclarece a psicóloga especialista em Neuropsicologia, Samanta Cóser, da N3. A avaliação neuropsicológica pode auxiliar no diagnóstico do quadro demencial a partir da detecção do que está preservado ou que foi prejudicado em todas as funções cognitivas. “Toda essa investigação é importante no processo de diagnóstico do quadro demencial de Alzheimer, pois a queixa de memória, por si só, não caracteriza um quadro da doença”, observa Samanta. 

 

Por meio do atendimento psicológico, a família recebe atendimento e acolhimento. “Não tem como atender um paciente de Alzheimer sem envolver a família porque ela sofre muito quando recebe esse diagnóstico, e os cuidados com o paciente passam a ser diferenciados”, afirma a psicóloga. É importante que os familiares estejam esclarecidos sobre as etapas que irão enfrentar e das emoções que vão emergir nesse momento em que o paciente em adoecimento vai precisar ainda mais deles.

 

Medicamentos

Hoje o tratamento medicamentoso tem como alvo a acetilcolina e o antagonista do receptor N-metil D-Aspartato (NMDA). Recentemente, um novo tratamento foi aprovado nos Estados Unidos com o medicamento Aducanumab. Conforme observa o neurologista da N3, Raul Campos de Oliveira, essa medicação vem em um momento de extremo anseio pela tentativa de conter a incidência da doença de Alzheimer em uma população que está envelhecendo mais, no entanto, os estudos referentes a ela “ainda apresentam dados questionáveis”. 

 

“Há um intenso debate sobre a melhoria dos biomarcadores não acompanhados pela melhora cognitiva. Além disso, as melhores respostas foram obtidas em doses mais elevadas que geraram mais efeitos adversos severos”, relata, sugerindo que os próximos estudos e desfechos sejam acompanhados para uma avaliação mais segura.

 

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